“Stiptease bancário”? Conta de filho de ex-diretor do Benfica sob investigação

Criação de ‘saco azul’ de 1,4 milhões de euros seria objetivo da fraude investigada pelo Ministério Público. Abertura de instrução afirma que o Miguel Moreira foi submetido a um “verdadeiro striptease bancário”.

A conta bancária de filho menor de Miguel Moreira está a ser investigada pelo Ministério Público, na sequência do processo “saco azul” no qual o ex-diretor financeiro do SL Benfica é acusado de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documentos.

No requerimento de abertura de instrução do processo do ex-funcionário dos encarnados pode ler-se, segundo o Correio da Manhã, que “foi quebrado o sigilo bancário, tendo o arguido Miguel Moreira sido submetido a um verdadeiro striptease bancário. O Ministério Público até as contas do seu filho menor investigou e juntou dados pessoais desse menor sem qualquer cuidado ou preocupação”.

Este documento é assinado pelos advogados que representam o Benfica, nomeadamente João Medeiros, Paulo Saragoça da Matta e Rui Patrício, e é em nome de todos os arguidos ligados ao clube das águias, desde Benfica SAD, Benfica Estádio, Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, e Domingos Soares de Oliveira, atual administrador.

No requerimento, enviado ao DIAP de Lisboa e consultado pelo CM, pode ler-se que “justifica-se abordar a sua intervenção conjuntamente por razões de economia processual”.

Os contratos suspeitos terão sido assinados por ambos. Mas “a assinatura em tais contratos, como acontecia em milhares de outros, cabia aos arguidos apenas pelo cargo de representação que ocupavam”, defendem os advogados.

Sustenta ainda a defesa que “não existe uma única prova, direta ou indireta, do retorno de quaisquer numerários às sociedades Benfica SAD e Benfica Estádio (…) nem pode existir pela simples razão de que tal não é verdade”, frisa.

O Ministério Público sustenta que a fraude serviu para criar um ‘saco azul’ de 1,4 milhões de euros. Admite, no entanto, que não conseguiu apurar a finalidade do mesmo. “A acusação assenta numa “estória inconsistente, ilógica e inviável”, acrescenta a defesa.

Em 2020, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e a SAD do clube lisboeta foram constituídos arguidos pelo crime de fraude fiscal, no âmbito da operação ‘saco azul’.

Em causa estariam 1,8 milhões de euros que terão sido pagos pelas sociedades ‘encarnadas’, durante seis meses, para pagar serviços que não foram prestados.

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