Juntos, Benfica, FC Porto e Sporting fizeram quase 1,5 mil milhões de euros, em transferências de jogadores, na última década. Os encarnados lideram a lista de clubes que mais lucraram, desde 2014, até agora.
1,5 mil milhões de euros – é o saldo conjunto resultante das transferências de jogadores feitas pelos três grandes de Portugal, na última década.
Não é por acaso que a liga portuguesa de futebol aparece em primeiro lugar no ranking do Observatório do Futebol (CIES), dos lucros com transferências de todas as ligas do mundo, entre 2014 e 2023.
O relatório, publicado esta semana, após o fecho do mercado europeu, analisou os fluxos financeiros das transferências de futebol à escala global, durante os últimos dez anos.
O Benfica lidera a lista, com uma larga vantagem para o segundo lugar, que pertence ao Ajax. Na última década, as águias têm uma margem positiva de 764 milhões de euros; enquanto a dos neerlandeses e de “apenas” 434 milhões.
O top 3 é fechado pelo Red Bull Salzburg, adversário das águias na fase de grupos da presente edição da Liga dos Campeões, que tem lucro de 421 milhões de euros.
Sporting e FC Porto aparecem em quinto e sexto lugares, respetivamente, atrás do Mónaco: os leões tiveram, na última década, um lucro de 376 milhões de euros; já o saldo dos dragões é de 352 milhões.
Também o Sporting de Braga aprece bem posicionado neste ranking: os minhotos ocupam o 12.º lugar, com lucro de 222 milhões de euros.
No balanço apenas deste ano, o Benfica aprece em segundo lugar, com um saldo positivo de 114 milhões de euros, só atrás do Villarreal (+129 milhões de euros).
No outro extremo – o dos “esbanjadores” – surgem, sem espanto, clubes como Manchester United, Chelsea e PSG, com prejuízos que ultrapassam os 1000 milhões de euros.
ZAP chamado ao VAR
Após a análise do relatório do CIES, o ZAP foi chamado ao VAR, para responder à seguinte questão: se os clubes portugueses têm assim tanto lucro, por que motivo continuam tão pobres?
Simples: aquela quantidade “excêntrica” de milhões não representa o saldo líquido.
Apesar de Portugal ter sido o país com mais lucro, em acordos de transferência concluídos na última década – +€2,23 mil milhões – as comissões pagas a agentes e outros intermediários, que são significativas e tiram bastante peso à receita final dos clubes, não foram consideradas neste relatório.
O CIES refere que “2023 marcou uma nova viragem no dinheiro investido pelos clubes no mercado de transferências. Impulsionado em particular pelo crescimento económico da liga inglesa e pelo investimento de fundos americanos e sauditas“.
O mercado de transferências deste verão atingiu níveis historicamente elevados: circularam 12,42 mil milhões de euros, em comparação com os 9,98 mil milhões de 2019 – o anterior recorde.
Referindo-se a clubes como Benfica, FC Porto e Sporting, o Observatório constatou que “o mercado está a tornar-se cada vez mais estruturado em torno de clubes “vendedores”, que recrutam jogadores emergentes, transferindo-os posteriormente, num ambiente altamente especulativo, que envolve uma mobilidade cada vez maior e intensa dos jogadores à escala global“.
Do lado oposto do campo, está o grupo dos clubes “compradores”, liderados pela Premier League, que, geralmente, acabam por investir os seus milhões (ou biliões) nesses jogadores.
Em Portugal, temos, por exemplo, os casos recentes de Enzo Fernández – que saiu do Benfica para o Chelsea, por 121 milhões de euros -, Luis Díaz – que se transferiu do FC Porto para o Liverpool, por 47 milhões de euros – e Pedro Porro – que foi do Sporting para o Tottenham, por 40 milhões de euros.
E é assim que funciona o ciclo económico-geográfico do futebol mundial, no qual a Arábia Saudita está agora a tentar interferir.
[sc name=”assina” by=”Miguel Esteves, ZAP” url=”” source=”” ]
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