A angústia do Félix no momento do penálti podia ter sido fintada com a ajuda da imaginação

João Félix incrédulo depois de o seu pontapé da marca de grande penalidade bater no poste.

Quando o peso das esperanças de uma nação inteira recai diretamente sobre os ombros, qualquer craque pode desmoronar, mas há formas de ultrapassar os fantasmas. Imaginação é tudo o que é preciso.

Desde 2008 que todas as equipas vencedoras do Campeonato da Europa tiveram de vencer um desempate por grandes penalidades. Esta edição destaca-se: além de ser o Euro dos autogolos, é também o Euro dos penáltis.

É uma dura realidade. No espaço de segundos, um pontapé grava o nome de um jogador na história de um de dois lados: o do desgosto ou o do triunfo.

A finalista do Euro 2024, Inglaterra, tem uma história particularmente difícil com os penáltis. A mais recente foi no último Euro, no qual também marcou presença na final em que perdeu na marca assustadora. Uma derrota infeliz — e ainda mais infelizes foram os ataques racistas dirigidos a Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka por falharem o pontapé.

Infelizmente para os portugueses, o nome João Félix ficou gravado na página do desgosto no passado dia 5. O jogador do Atlético Madrid mandou a bola ao poste e a seleção portuguesa perdeu no desempate por grandes penalidades.

Para muitos, a perspetiva deste teste de nervos e concentração provoca uma sensação de pavor. Nesse momento, o peso das esperanças de uma nação inteira recai diretamente sobre os seus ombros, um fardo tão imenso que até mesmo os profissionais mais experientes podem desmoronar.

Então, o que é que os jogadores podem fazer para reforçar a sua resistência mental?

Tudo desvanece na hora H

Uma investigação da Universidade de Plymouth analisou de perto experiência de um jogador, que treinou durante horas o pontapé da grande penalidade até que a sua mente apagou tudo na hora H, trocando o treino por um frenesim de incerteza.

A mente do atleta acelerou, repetiu as falhas do passado e imaginou as mordazes capas dos jornais do dia seguinte.

A equipa acabou por concluir que é necessária uma intervenção psicológica no desporto — uma forma de equipar os jogadores com a resiliência mental necessária para suportar a imensa pressão da decisão por penáltis.

Treino de imagens funcionais (FIT)

O treino de imagens funcionais (FIT) é uma abordagem inovadora que funde a entrevista motivacional com competências cognitivas como a conversa consigo próprio (dar palestras motivacionais a si próprio), a definição de objetivos e imagens multissensoriais.

A técnica demonstrou ser cinco vezes mais eficaz nos pontapés de penálti do que o treino tradicional de competências mentais, como as afirmações positivas.

As imagens multissensoriais consistem na utilização, por parte do jogador, da sua imaginação para visualizar, representar cenários e controlar emoções. Isto permite-lhe preparar-se para o desempenho através de uma rotina de pensamento estruturada.

Através do FIT, os futebolistas aprendem a imaginar vividamente todos os aspetos do seu desempenho, desde os sons do estádio até à forma como podem controlar a sua ansiedade no momento.

Desenvolvem uma rotina personalizada ao detalhe.

Imaginam a sensação e o peso da bola nas suas mãos, a trajetória exata para onde querem que ela se desloque, mantendo a calma e controlando a respiração, e a sensação da bola a sair do seu pé — tudo isto enquanto cultivam um profundo sentido de objetivo e motivação.

A técnica tem-se mostrado tão eficaz no desporto que tem sido utilizada nas forças armadas e na liderança empresarial (e a investigação demonstrou uma eficácia semelhante na perda de peso).

Ultrapassar os fantasmas

Naturalmente, o caminho para a mestria nunca está isento de obstáculos. Os jogadores debatem-se por vezes com os fantasmas persistentes de fracassos passados, com a dúvida que ameaça minar a confiança recém-descoberta.

Outro obstáculo é a falta de “capacidade imagética” — a capacidade de evocar as imagens corretas. A investigação mostra consistentemente que a combinação de imagens com a prática melhora significativamente o desempenho. E a capacidade de imaginação também pode ser treinada, como qualquer músculo.

[sc name=”assina” by=”ZAP” url=”https://theconversation.com/euro-2024-how-new-psychology-can-help-conquer-the-pressures-of-a-penalty-shootout-231970″ source=”The Conversation” ][/sc]


Comentários

Um comentário a “A angústia do Félix no momento do penálti podia ter sido fintada com a ajuda da imaginação”

  1. Avatar de António Almeida
    António Almeida

    E, mais uma vez a culpa é do… CR7!!!
    Já não bastava a onda anti Ronaldo masculina, agora ainda aparecem mais uma azeiteira a falar daquilo que queria mas… não sente: Bolas!!!
    Minha irmã coloca a maior parte dos comentadores desportivos num patamar inferior no que à cultura geral diz respeito, mas a Miss Azeitona da TVI, é de pasmar a falta de visão, mesmo em análises de jogos acabadinhos de ver… tem palas!!!
    Mais parece uma candidata ao lugar do Braz, o tal comentador que na tinha clube, apenas simpatizava com a Juve… agora é Mister Pedro Braz!!! O mais que poderoso do slb e tb da rua de baixo… até à Buraca!!!
    Quem ventos semeia, tempestades colhe!!!
    Deixem o Félix em paz!!! Ele já aturou o slb qb… chamem o Bernardo ou o Cancelo, das!!! Alternativa, para alimentar o balneario… coloquem azeitonas!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *